sábado, 2 de junho de 2012

Distúrbios nutricionais relacionados com a doença de Parkinson




Indivíduos com doença de Parkinson (DP) são suscetíveis à perda de peso e desnutrição, sendo a perda progressiva de peso uma característica importante da progressão dessa doença. Os movimentos involuntários associados com a DP resultam em maior gasto de energia, além disso, tanto os sintomas da doença quanto os efeitos adversos do tratamento podem limitar a ingestão de alimentos.

A DP é uma doença crônica, neurodegenerativa e progressiva. As manifestações motoras incluem tremor de repouso, bradicinesia (lentidão de movimentos), rigidez muscular e alterações do equilíbrio. Essas manifestações são responsáveis por incapacidades física e psíquica, havendo também manifestações não motoras, como psicose, transtornos cognitivos e depressão. Devido à dificuldade em realizar movimentos repetitivos, tremor e/ou rigidez de mandíbula, a mastigação pode ser prejudicada, gerando fadiga, que podem levar a interrupção da alimentação e ingestão inadequada de alimentos. Além disso, os sintomas não motores associados com a disfagia (dificuldade em engolir) podem ser responsáveis pelo comprometimento do estado nutricional e balanço hídrico.

Outros sintomas como o refluxo gastroesofágico, constipação e gastroparesia também contribuem para os distúrbios nutricionais e afetam significativamente a qualidade de vida destes indivíduos. As alterações na motilidade gástrica e intestinal podem levar à distensão abdominal, náuseas, desconforto e saciedade precoce, reduzindo ainda mais a ingestão de alimentos.

Outro aspecto importante da DP é o tratamento com o medicamento levodopa (principal droga utilizada no tratamento da DP, que alivia os sintomas por aumentar as concentrações de dopamina), em que alguns aminoácidos dietéticos podem competir com esta droga em relação a absorção intestinal e transporte desse medicamento através da barreira sangue-cérebro, limitando assim a sua eficácia e sendo responsável pela ocorrência de flutuações motoras. Assim, diretrizes recomendam dieta com baixo teor de proteínas à medida que a doença progride, pois nesses casos são necessárias doses mais elevadas de levodopa.

Portanto, a avaliação nutricional nesses indivíduos deve ser minuciosa, buscando investigar as deficiências de macro e micronutrientes, com o objetivo de retardar os distúrbios nutricionais relacionados com a DP e melhorar a qualidade de vida desses pacientes.           
 
Bibliografia (s)

Barichella M, Cereda E, Pezzoli G. Major nutritional issues in the management of Parkinson's disease. Mov Disord. 2009;24(13):1881-92.

Sheard JM, Ash S, Silburn PA, Kerr GK. Prevalence of malnutrition in Parkinson's disease: a systematic review. Nutr Rev. 2011;69(9):520-32.

Cereda E, Barichella M, Pezzoli G. Controlled-protein dietary regimens for Parkinson's disease. Nutr Neurosci. 2010;13(1):29-32.
                     

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